sábado, 31 de maio de 2014

SONETO PARA UMA CEIFEIRA
O sol tisnou-te a pele e as entranhas
o pão que ceifas, minha companheira;
a terra fecundada que hoje amanhas,
o amor que pões em cada sementeira.

No peito tenho campos alqueivados
e na garganta a tua voz doída,
nos olhos tenho foices tenho arados
e nos ombros uma vida envilecida.

Em mim palpita todo um universo
que não cabe nas palavras
deste meu pequeno verso:

Charnecas alqueives e montados
com ceifeiros a searas abraçados
às espigas oiro pão como tu estavas.

Fernando Fitas. Do livro Amor Maltês - 1986.

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