SONETO PARA UMA CEIFEIRA
O sol tisnou-te a pele e as entranhas
o pão que ceifas, minha companheira;
a terra fecundada que hoje amanhas,
o amor que pões em cada sementeira.
No peito tenho campos alqueivados
e na garganta a tua voz doída,
nos olhos tenho foices tenho arados
e nos ombros uma vida envilecida.
Em mim palpita todo um universo
que não cabe nas palavras
deste meu pequeno verso:
Charnecas alqueives e montados
com ceifeiros a searas abraçados
às espigas oiro pão como tu estavas.
Fernando Fitas. Do livro Amor Maltês - 1986.
Sem comentários:
Enviar um comentário