domingo, 5 de fevereiro de 2017

Abraça-te à guitarra


                                                                                     A Silvestre Fonseca


Deixa a sombra da(s) rosa(s) exalar seu perfume
e a praça respirar a fragrância do sol.
Abraça-te à guitarra e saberás que a brisa
convocará nas mãos a festa dos sentidos
e presságios de vida como água de sedes
correndo pela boca.
É na escala de Sol que as notas se desnudam,
revelando nos dedos a frescura da peça
e sonhos e alquimias que as palavras não ousam.
Acaricia o braço, afago bem o corpo,
percorre-o devagar, como regato à beira do fascínio.
Na leveza do toque há um pássaro e um rio
e uma cascata ainda de espanto e aventura,
erguendo sortilégios, encanto, fantasia.
Faz então uma pausa, investe novamente,
e deixa que bebamos a dádiva de sons
que do silêncio emergem,
para que desfrutemos de seu aroma e luz.




Fernando Fitas/Fevº/2017

sábado, 4 de fevereiro de 2017

As mão sobre o piano


A Ernán López Nussa


Sei-te sobre o piano
libertando alquimias
e dádivas de luz e cânticos de festa.
Há nos teus dedos uma memória de água
plena e imortal
e montanhas tão grandes que nenhum bolso guarda.
Também nenhuma boca  sabe acolher a água
que delas se desprende,
tão cheia de sabores, de sonhos e de festa.
É por isso que te inventas nos dedos,
correndo sobre as teclas
como brisa soprada por aves e por rios
e despertas aromas e sortilégios outros,
que nos crescem na alma 
e supomos efémeros,
mas se afirmam eternos
como o vento ou o sol.



Fernando Fitas (Portugal)