Inquieta-me
a arrogância das montanhas
Inquieta-me
a cinzenta arrogância das montanhas
espreitando
há dois mil anos o bulício dos vales,
(qual águia intemporal tombando sobre as casas),
como se a
sua sombra intimidasse as chuvas,
impedisse as
flores de romper entre as pedras,
ou proibisse
as subterrâneas águas
de
construírem asas em seus lençóis freáticos.
Há ofícios
tão velhos e tão gastos
que parecem
eternos.
Contudo tão
inúteis quanto o pó sobre a estrada,
ou as cinzas
de um lume que há muito se extinguira.
Não sabem
das carícias entre a terra e as ervas,
os afagos
trocados entre as aves e o vento,
os olhares
de onde emerge o cheiro da liberdade…
Sabem
unicamente da arrogância vil
que a si se
concederam
porque
apenas conhecem a vocação das lavas.
Fernando Fitas - Inédito 2014
Fernando Fitas - Inédito 2014