Aguarela Alentejana
Numa açorda de poejo
se aconchegam as manhãs:
uma azeitona e um beijo
com aromas de hortelã
Sobre a toalha de linho
com orégãos e açafrão
está um jarro
de bom vinho
sempre ao alcance da mão
As bolotas, concerteza,
colhidas em tempo certo,
colocam-se sobre a mesa;
fica o quadro completo
Do azinho se solta o lume
com que se aquece o serão,
das urzes sai o perfume,
do trigo se faz o pão
Na sopa de beldroegas
matámos a solidão
com um tinto da adega
p’ra celebrar, pois, então!...
Paisagem do Alentejo
aguarela por pintar,
com cardo se faz o queijo,
sobremesa do jantar
E se uma flor de aloendro
passear de mão em mão
há laranjas em Novembro
amoras bravas no Verão
Fernando Fitas – Canções dispersas
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