Sobre
uma pedra escrevo
( (A propósito de uma varina de Francisco Simões)
Sobre
uma pedra escrevo
a
claridade infinita dos teus olhos
iluminando
a praia a que aportaram
todos
os barcos
cansados
de viagens.
Há
prodígios nos dedos
desenhando
na areia
inavegados
rios
em
busca de navios.
Em
seus porões vazios apenas a memória
de
outras longínquas águas
e
um secreto desejo
ainda
reclamando
o
derradeiro pólen das palavras.
Sei-me
sentado aqui
há
muito tempo,
entre
um templo de luz
que
tudo esconde e nega
e
a sedução plena da miragem,
insinuando
no vértice dos lábios
um
nome pelo fogo inominado.
Entardecem-me
as têmporas
e
as mãos
somente
reconhecem do teu corpo
a
volúpia do quanto recusaste.
É
o instante então de celebrar-te,
deixando-te
na pedra onde te escrevo,
o
aroma que o mar
colocou
nos teus cabelos,
para
que possa, enfim,
contemplar-te.
Fernando
Fitas
(Portugal)
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