segunda-feira, 2 de maio de 2016
domingo, 1 de maio de 2016
quarta-feira, 27 de abril de 2016
quinta-feira, 21 de abril de 2016
sábado, 9 de abril de 2016
Beija a flor
assim…
Beija a flor assim, suavemente,
guarda nas mãos
a urze, o trigo, o feno;
pousa os olhos na haste recurvada:
bebe, então, o perfume, liberta a voz,
lograste finalmente a madrugada.
Ergue depois o tronco, afaga o rosto,
deposita a semente, lavra a terra,
acaricia o pão e prova o vinho;
leva os dedos aos lábios, respira fundo,
e teus serão o pólen e os caminhos.
Deixa o espasmo crescer na/em tua boca,
solta ainda um aceno ou uma lágrima
se uma espécie de fogo se insinua:
não retenhas o sangue que te incendeia as têmporas
e todas as bandeiras serão tuas.
Por fim, descruza as pernas, estende os braços,
dança sobre ti mesma, rodopia,
como se fosses águia ou mariposa.
No esvoaçar dos teus cabelos, sabe(s)?,
é que se eleva o vento, o mar, a rosa.
Fernando
Fitas/2016
quarta-feira, 25 de novembro de 2015
Aquece as minhas mãos
Aquece as minhas mãos nos teus joelhos hoje.
Há nelas o ruído de um frio perturbando o
silêncio,
o rumor de um gemido subindo pelo sangue,
o estilhaço de um grito ferindo na garganta
e um nó no pescoço, por dentro da ausência,
que dói até aos ossos.
É nas mãos este frio.
Morde a pele e as veias como cães sem destino;
pelo sangue se interna rosnando suas fúrias
para suster a presa e afiar os dentes.
Tão ávido de morte, de gelo se contenta,
mas não sabe, contudo, que os frutos em teu ventre
se alimentam de sílabas fraternas
que adejam primaveras no vórtice da língua
e doam à cidade solidários jardins.
Fita-me bem nos lábios e saberás ainda das flores
que nasceram das pedras,
reclamando a luz de quantas velas confiaram seu
derradeiro ofício
à suprema
missão de outorgar afectos
e preservar vestígios de ternura
na improvável
memória da calçada:
São flores que extravasam a solidão de um verso,
com pétalas que explodem no coração da(s) rua(s);
sobem como perfume à altura dos olhos
e desprendem os rios escondidos sob as pálpebras,
restituindo aos lábios a única palavra
que recusando ocupa o horizonte branco da saudade.
Fernando
Fitas
Novº. 2015
Foto: Internet
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